quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Os originais da Bíblia


Os originais da Bíblia são a base para a elaboração de uma tradução confiável das Escrituras. Porém, não existe nenhuma versão original de manuscrito da Bíblia, mas sim cópias de cópias. Todos os autógrafos, isto é, os livros originais, como foram escritos por seus autores, se perderam. As traduções confiáveis das Escrituras Sagradas baseiam-se nas melhores e mais antigas cópias que existem e que foram encontradas graças às descobertas arqueológicas.

Grego, hebraico e aramaico. Esses foram os idiomas utilizados para escrever os originais das Escrituras Sagradas.

:: Antigo Testamento: a maior parte foi escrita em hebraico e alguns textos em aramaico.
:: Novo Testamento: foi escrito originalmente em grego, que era a língua mais utilizada na época.

Para a tradução do Antigo Testamento, a SBB utiliza a Bíblia Stuttgartensia, publicada pela Sociedade Bíblica Alemã. Já para o Novo Testamento, é utilizado The Greek New Testament, editado pelas Sociedades Bíblicas Unidas. Essas são as melhores edições dos textos hebraicos e gregos que existem hoje, disponíveis para tradutores.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009


Que Evangelho é Esse?

Pr. Renato Vargens


Boa parte das mensagens pregadas nos púlpitos das igrejas evangélicas no Brasil, nos apontam o quão adoecidas se encontram nossas comunidades. Isto porque, as pregações de muitos dos nossos pastores tem sido rasas, sem substância, empobrecidas teologicamente, cheia de modismos, unções, decretos e comportamentos judaizantes. Junta-se a isto, o terrível fato de que vivemos numa época onde a "gospelização da fé" se faz presente em cada canto deste país.

Em nome do "gospel", muita gente tem vivido a vida nababescamente, ganhando milhares de reais, mercadejando a palavra da verdade. Assusta-me o fato de que alguns, em nome de uma espiritualidade cristã tem cobrado verdadeiras fortunas pra "ministrar" nas igrejas aquilo que pensam ser louvor e adoração.

Em nome de Deus e para Deus, tem gente, cobrando 5, 6 até 12 mil Reais por "ministração"! Ora, isso é uma aberração! Em um país de gente miserável e pobre, a igreja em vez de saciar a fome daqueles que anseiam por justiça e comida, comercializa a fé? Pra piorar a coisa, já existem pastores cobrando pra pregar o Evangelho da Salvação eterna.

Que Cristianismo é esse? Que evangelho é esse? Ora, esse não é o cristianismo e nem tampouco o evangelho da Bíblia, e sim o evangelho que alguns dos evangélicos fabricaram! Infelizmente, a Igreja deixou de ser a comunidade da palavra para ser a comunidade da música descompromissada, repetitiva e extravagante! Triste não?

Ah! que saudade! da boa música, ministrada, cantada, com unção, cujo interesse era simplesmente engrandecer o nome de Deus!

Parece que nos últimos anos, a igreja brasileira se perdeu no caminho em direção ao trono da graça. Isto porque, as letras de algumas das nossas composições , são empobrecidas teologicamente, simplistas e sem óleo. Junta-se a isso, a ausência de oração, busca de Deus, consagração e compromisso com a Palavra .Pra piorar, os meios de comunicação evangélicos tornaram-se amplamente manipuladores do povo de Deus imprimindo na mente de gente simples, valores que com certeza não são valores do reino.

Diante disto tudo, sou obrigado a confessar que prefiro não ouvir rádio evangélica. Não estou de forma nenhuma desfazendo deste veículo de comunicação, até porque, sei da importância dos meios de comunicação em massa, e louvo a Deus por termos alguns destes em nossas mãos, entretanto, prefiro ouvir bons cds de gente que com certeza está compromissada com evangelho, do que dedicar o meu precioso tempo a programações que manipulam a fé do povo de Deus.

Meus amados, a situação anda tão deprimente que já existe fã-clube de artista gospel. Sei ainda de algumas histórias de cantores que precisam de segurança pra andar em lugares públicos. Ora irmãos, mais uma vez eu pergunto que evangelho é este?

Ah! que saudade do tempo em que se cantava e entoava cânticos por missão! Reflitamos irmãos com sinceridade, será que a igreja evangélica está preocupada com a glória de Deus?

Ah, meu amigo, confesso que não agüento mais a efervescência da graça barata, o mercantilismo gospel, a banalização da fé. Não agüento mais, as loucuras e os atos proféticos feitos em nome de Deus, não suporto mais o aparecimento das mais diversas unções em nossos arraiais; isso sem falar da hieraquirzação do reino, onde apóstolos, paiostolos, príncipes e reis, tem oprimido substancialmente o povo do Senhor

Chega! Basta! Quero viver e pregar o evangelho integral, quero ver uma igreja, santa, ética, justa e profética, quero ver uma igreja, que não se corrompe diante loucuras dessa era, quero ver uma igreja reformada e reformando, quero ver uma igreja verdadeiramente PROTESTANTE!

Sole Deo Gloria!

domingo, 25 de janeiro de 2009

A Expectativa do fim da história do Cristianismo

Rev. Alderi Souza de Matos

O período da Reforma

Os principais reformadores protestantes contestaram muitas doutrinas da igreja medieval, mas não manifestaram maiores preocupações com a escatologia predominante, herdada de Agostinho. Todavia, Lutero afastou-se de alguns aspectos do amilenismo medieval. Por exemplo, ele questionou a glória da igreja histórica, cria que o papado era a manifestação do Anticristo e entendia a vinda do Senhor como uma ocasião feliz, e não como um dia de ira. Como Lutero, Calvino rejeitou explicitamente a posição milenista, considerando- a infantil e equivocada. Ele cria que a idéia do milênio impõe um limite ao reino de Cristo. Em grande parte, a escatologia de Calvino concentrou-se no futuro dos indivíduos. Nas Institutas da Religião Cristã, ele aborda a ressurreição final no contexto de uma seção mais ampla sobre como os indivíduos recebem a graça de Cristo. Para ele, a escatologia tem um sentido prático, pois a meditação sobre a vida futura é um elemento essencial da vida cristã.

Muito diferente foi o entendimento desse assunto por parte de alguns anabatistas radicais. O episódio que mais contribuiu para dar uma reputação negativa ao anabatismo no século 16 ocorreu na cidade alemã de Münster. Tudo começou em 1530, quando Melchior Hoffman começou a pregar sermões apocalípticos em Estrasburgo anunciando a vinda literal e iminente do reino de Deus. Após três anos de pregação incessante, as autoridades o lançaram na prisão, mas os seus seguidores, os melquioritas, surgiram por toda parte. Um deles foi Jan Matthys, um padeiro de Haarlem, na Holanda. Proclamando ser Enoque, a segunda testemunha do livro do Apocalipse, ele começou a pregar de maneira agressiva e a enviar grupos de seguidores através dos Países Baixos. Dois deles, Jan van Leyden e Gerard Boekbinder, foram para Münster, onde o principal pregador da cidade, Bernhard Rothman, estava pregando idéias anabatistas a grandes multidões.

Ouvindo as notícias, Matthys teve a visão de que Münster deveria ser o local da Nova Jerusalém e mudou-se para aquela cidade com os seus seguidores. No início de 1534, após a fuga de parte da população católica e luterana, Matthys assumiu o controle da cidade. Iniciou-se um período de repressão que visava "purificar" a cidade, com rebatismos forçados, confisco de propriedades, queima de livros e a execução de um ferreiro pelo próprio Matthys. No domingo de Páscoa de 1534, acompanhado de alguns seguidores, Matthys atacou o exército do bispo que estava acampado fora da cidade, sendo imediatamente morto e decapitado. Jan van Leyden assumiu a liderança, ungiu a si mesmo rei, instaurou um reino de terror e introduziu inovações como a poligamia. No dia 25 de maio de 1535, o exército do bispo invadiu a cidade e matou quase todos os habitantes. Leyden e dois companheiros foram torturados até a morte com ferros em brasa. A esperança de uma Nova Jerusalém havia terminado em tragédia.

A experiência americana

Nos séculos 17 e 18, com o advento do Iluminismo, houve um forte declínio do entusiasmo apocalíptico que havia caracterizado o cristianismo europeu durante vários séculos. Todavia, do outro lado do Atlântico surgiu uma nova maneira de encarar a escatologia que ficou conhecida como "pós-milenismo" , a crença de que a segunda vinda iria ocorrer após o milênio de paz e prosperidade para a igreja, sendo este implantado com os esforços da igreja, auxiliada por Deus. O pós-milenismo revelou uma atitude de profundo otimismo com relação ao progresso da igreja e da sociedade e foi uma doutrina geralmente aceita pelos protestantes norte-americanos até a segunda metade do século 19. Ela dominou a imprensa religiosa, os principais seminários e grande parte dos ministros, além de estar implantada na mentalidade popular.

O primeiro articulador dessa doutrina nos Estados Unidos foi o famoso teólogo calvinista e pastor congregacional Jonathan Edwards (1703-1758). No contexto do Primeiro Grande Despertamento, do qual foi um dos principais personagens, Edwards anteviu uma era de contínuo avanço do evangelho até que, por volta do ano 2000, surgisse o milênio, um período de paz, notável conhecimento, santidade e prosperidade geral. A maior contribuição de Edwards foi o entendimento de que essa obra resultaria de uma combinação da atuação do Espírito Santo com o uso de meios como a pregação do evangelho e o cultivo dos "meios ordinários de graça". Para ele, essa visão pós-milenista era um incentivo necessário para sustentar os melhores esforços da igreja.

A influência de Edwards continuou por várias gerações, principalmente após a Revolução Americana, quando surgiu um renovado interesse pela escatologia bíblica. Seu discípulo Samuel Hopkins publicou em 1793 um Tratado sobre o Milênio, dando grande ênfase ao ativismo social e expressando a convicção de que a grande maioria dos seres humanos iria converter-se. Suas expectativas pareceram confirmar-se com a ocorrência de um avivamento muito mais vasto nas primeiras décadas do século 19, o Segundo Grande Despertamento. Neste, o personagem de maior destaque foi o avivalista Charles G. Finney (1792-1875), que levou às últimas conseqüências a ênfase de Edwards no uso de meios por parte da igreja. Outro fervoroso partidário do otimismo pós-milenista, Finney entendia que o avivamento não era um fenômeno sobrenatural, mas resultava do uso apropriado de certas técnicas, as quais denominou "novas medidas".

O contínuo progresso da nova nação norte-americana e a ocorrência de mais um avivamento em 1858 intensificou as esperanças pós-milenistas, que eram expressas nos termos mais triunfalistas possíveis. Porém, com a Guerra Civil (1861-1865) e os grandes problemas gerados pela imigração, urbanização e industrializaçã o, o entusiasmo pós-milenista entrou em refluxo. Seus últimos vestígios se manifestariam no movimento do Evangelho Social, no início do século 20, que ainda insistiu em falar na conversão da sociedade e na implantação do reino de Deus na terra. O cenário estava preparado para o retorno triunfal do velho pré-milenismo abraçado por muitos cristãos antes de Agostinho.

A era dispensacionalista

Em meio ao pós-milenismo dominante, começaram a surgir nos Estados Unidos, ainda na primeira metade do século 19, diversos movimentos de natureza fortemente apocalíptica, como foi o caso dos mórmons ("os santos dos últimos dias") e seu profeta Joseph Smith. Outro líder influente foi William Miller, um fazendeiro da Nova Inglaterra que, através do estudo da Bíblia e especialmente de Daniel 8.14, concluiu que Cristo iria voltar em 1843 ou 1844. A partir de 1838, a grande divulgação de suas idéias através de publicações e conferências despertou enorme interesse popular. Todavia, quando as suas previsões não se materializaram, os seus seguidores ficaram completamente desiludidos e amargurados com Miller, que morreu quase esquecido em 1849. Mesmo assim, alguns de seus simpatizantes permaneceram firmes. Um pequeno grupo da Nova Inglaterra, liderado por James White e Ellen G. White, concluiu que Miller estava certo quanto à data, mas errado quanto ao local. No dia 22 de outubro de 1844 Cristo de fato purificou o santuário segundo a profecia de Daniel, mas o santuário estava no céu, e não na terra. Cristo não apareceu na terra em virtude da não-observância do sábado por parte da igreja. Assim surgiu a Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Mais importante para o evangelicalismo norte-americano e mundial foi o pré-milenismo dispensacionalista. As origens desse movimento remontam ao inglês John Nelson Darby (1800-1882), um talentoso líder dos Irmãos de Plymouth. Suas idéias foram popularizadas nos Estados Unidos por C. I. Scofield através da sua famosa Bíblia Anotada. Esse sistema derivou o seu nome do fato de dividir a história em diversas eras ou dispensações. Outra peculiaridade estava na convicção de que Deus tem dois planos completamente diferentes atuando na história: um para os judeus e outro para a igreja. Todavia, sua doutrina mais controvertida e distintiva é a do arrebatamento da igreja, quando Cristo virá para os seus santos, seguido da tribulação, da consumação do plano de Deus em relação aos judeus e da segunda vinda, quando Cristo virá com os seus santos. Então virá o milênio, seguido do juízo final e dos novos céus e terra.

Inicialmente, os evangélicos conservadores viram o dispensacionalismo com suspeitas. Todavia, a luta contra o liberalismo teológico aproximou os dois grupos, permitindo que os pré-milenistas fossem conquistando espaços. Em 1878, a Conferência Bíblica de Niagara aprovou uma declaração de fé que incluía, além de uma abertura para o pré-milenismo, ênfases evangélicas tradicio-nais como a autoridade das Escrituras e a necessidade da conversão pessoal. Apesar das suas diferenças na área da escatologia, fundamentalistas e pré-milenistas perceberam que possuíam muitas convicções comuns, o que os levou a firmar alianças por algum tempo. O pré-milenismo também foi auxiliado pelo apoio de líderes populares como o evangelista Dwight L. Moody e pela criação de institutos bíblicos. O fato é que, no final do século 19, o pré-milenismo parecia muito mais realista do que o pós-milenismo e os seus defensores apontavam para um grande número de problemas sociais como "sinais dos tempos" e evidências de que a sua posição era a mais correta.

O século 20

Um dos fenômenos mais importantes da história da igreja no século 20 foi o surgimento do movimento pentecostal, que teve como uma de suas características mais distintivas o falar em línguas. Curiosamente, os estudiosos apontam para o fato de que o pentecostalismo inicial tinha como enfoque principal a segunda vinda de Cristo. O dom de se expressar em outras línguas (xenoglossolalia) era visto simplesmente como um instrumento para a colheita final de almas antes do arrebatamento da igreja. Essa preocupação já estivera presente em Edward Irving (1792-1834), um pastor presbiteriano escocês que é tido como precursor do movimento carismático, e foi muito saliente nos primeiros líderes pentecostais, Charles Fox Parham e William J. Seymour. Depois de 1910, quando ficou claro que os missionários não estavam recebendo habilidades miraculosas de falar em outras línguas humanas, os pentecostais começaram a dar maior ênfase às línguas como evidência do batismo com o Espírito Santo e como uma linguagem devocional de oração. Mesmo assim, a preocupação escatológica não foi esquecida. Um exemplo disso é a Igreja do Evangelho Quadrangular, que tem como uma das quatro convicções básicas implícitas no seu nome a volta de Cristo.

Após a Segunda Guerra Mundial, o pré-milenismo despertou um interesse sem precedentes graças a fenômenos como as armas atômicas, a criação do Estado de Israel, a guerra fria entre os blocos capitalista e comunista e o surgimento da união européia. O número de publicações sobre o tema foi impressionante, com os autores oferecendo as mais diferentes interpretações dos eventos contemporâneos à luz das profecias bíblicas. Um grande campeão de vendas por muitos anos foi o livro de Hal Lindsay, A Agonia do Grande Planeta Terra (1970). Muitos filmes também foram produzidos nessa área, inclusive pela indústria cinematográfica secular. O fim da União Soviética em 1989 e o transcurso do ano 2000 apresentaram novos desafios e a necessidade de reinterpretaçõ es, como certamente também ocorrerá com os recentes atentados terroristas nos Estados Unidos e suas conseqüências. Os cristãos de todos as eras ficam imaginando se o fim dos tempos não irá chegar na sua geração. Não poderia ser diferentes em nossos dias, principalmente à luz de acontecimentos tão impressionantes que o mundo tem testemunhado. Importa que os seguidores de Cristo cumpram as solenes tarefas que lhes foram confiadas... até que Ele venha.

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Alderi Souza de Matos, ministro presbiteriano, é doutor em história da igreja pela Universidade de Boston e historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil.